A mídia preparou o golpe plantando falsas, mas, convincentes ameaças. Um comunismo pintado como desordeiro, ateu e carniceiro. Promotor da desunião familiar e da perda da propriedade privada. Mentiras e malandragens sustentavam a intensa e agressiva propaganda orientada e patrocinada pelos Estados Unidos. Não faltavam denúncias de corrupção, de má versão do dinheiro público, de compra de votos de parlamentares e tudo que se repete hoje. O “mensalão” só não ganhou fama, àquela época, por falta de um Roberto Jefferson. Talvez tudo isso seja novidade para os que perderam a memória, ou não chegaram a formá-la pelo desinteresse e pelos anos já passados.
Inegável rua do quartel cassino é que o golpe ocorreu. E com ele vieram as degradantes sessões de tortura, os assassinatos nos porões da repressão, os saltos para a morte de aviões em alto mar e as incansáveis perseguições por “deduragem” infundada. Foram vinte e dois anos de terror e atraso sócio-político. Uma fulminante destruição da democracia, aliada ao sepultamento de valiosas lideranças e do regresso do país à condição de colônia americana.